Futurismo Literário

O futurismo representa o ápice de uma crise de linguagem, na qual se manifesta mais profundamente uma crise do senso do limite humano: o homem acha-se no direito de competir até mesmo com forças da natureza e não vê outra beleza senão na luta, no heroísmo.

Sempre à serviço das causa políticas, a poesia futurista se desenvolve na Itália, onde a primeira antologia sai em 1912, e, principalmente na Rússia, onde é na literatura que o futurismo se torna mais importante. Mas enquanto os autores italianos se identificam com o fascismo e estimulam o país a participar da 1ª Guerra Mundial, os russos se aliam à esquerda e aproximam a poesia do povo.

Anunciando uma nova poética e uma nova concepção da vida, o futurismo proclamava-se reformador não somente da poesia mas também da vida moral, civil, e política. Exaltava o presente, a civilização industrial, a força, o ativismo, a máquinas, a guerra, a violência, o espírito de conquistas desprezando as tradições morais e literárias.

Do ponto de vista estético e literário, o futurismo aspirava ao imediato, à impetuosidade das expressões, à reprodução integral do sentir. Rejeitando a poética tradicional, proclamava uma nova técnica, voltada para o futuro, na qual ritmos e palavras, em absoluta liberdade sintática, comunicassem ao leitor um novo sentido da vida, com energia, ativismo e liberdade. De caráter polêmico, o futurismo opunha-se ao sentimentalismo romântico, ao academismo e às atitudes burguesas.

O futurismo não teve, nem no plano genérico nem no mais limitado da criação literária, uma estética explicitamente teorizada. Mas Marinetti fixou os fundamentos da revolução formal que propunha: banir a sintaxe; deixar ao acaso a disposição dos substantivos; abolir os adjetivos, os advérbios e a pontuação, e empregar os sinais materiais para indicar o movimento do discurso; introduzir o uso de uma graduação de analogias cada vez mais vasta, reconhecendo no estilo analógico o padrão absoluto de toda a matéria e de sua intensa vida; adequar-se a uma nova e imprescindível exigência: a substituição psicológica do homem ( destruindo o eu na literatura) pela obsessão da matéria.