Historia

Movimento das artes plásticas , sobretudo da pintura, que a partir do início do século XX rompe com a perspectiva adotada pela arte ocidental desde o Renascimento. De todos os movimentos deste século, é o que tem influência mais ampla.

Ao pintar, os artistas achatam os objetos, e com isso eliminam a ilusão de tridimensionalidade. Mostram, porém, várias faces da figura ao mesmo tempo. Retratam formas geométricas, como cubos e cilindros, que fazem parte da estrutura de figuras humanas e de outros objetos que pintam . Por isso o movimento ganha ironicamente o nome de cubismo. As cores em geral se limitam a preto, cinza, marrom e ocre.

O movimento surge em Paris em 1907 com a tela Les Demoiselles d'Avignon (As Senhoritas de Avignon), pintada pelo espanhol Pablo Picasso. Também se destaca o trabalho do ex-fauvista francês Georges Braque (1882-1963). Em ambos é nítida a influência da arte africana. O cubismo é influenciado ainda pelo pós-impressionista francês Paul Cézanne , que representa a natureza com formas semelhantes às geométricas.

Essa primeira fase, chamada de cézanniana ou protocubista, termina em 1910. Começa então o cubismo propriamente dito, conhecido como analítico, no qual a forma do objeto é submetida à superfície bidimensional da tela. O resultado final aproxima-se da abstração. Na última etapa, de 1912 a 1914, o cubismo sintético ou de colagem constrói quadros com jornais, tecidos e objetos, além de tinta. Os artistas procuram tornar as formas novamente reconhecíveis.

Em 1918 o arquiteto francês de origem suíça Le Corbusier e o pintor francês Ozenfant (1886-1966) decretam o fim do movimento com a publicação do manifesto Depois do Cubismo.

O cubismo manifesta-se ainda na arquitetura , especialmente na obra de Corbusier, e na escultura. No teatro, restringe-se à pintura de cenários de peças e de balés feita por Picasso.

Literatura – Os princípios do cubismo aparecem na poesia. A linguagem é desmontada em busca da simplicidade e do que é essencial para a expressão. O resultado são palavras soltas, escritas na vertical, sem a continuidade tradicional.

O expoente é o francês Guillaume Apollinaire (1880-1918) , que influencia toda a poesia contemporânea. Ao dispor versos em linhas curvas, torna-se precursor do concretismo.

CUBISMO NO BRASIL – O cubismo só repercute no país após a Semana de Arte Moderna de 1922. Pintar como os cubistas é considerado apenas um exercício técnico. Não há, portanto, cubistas brasileiros, embora quase todos os modernistas sejam influenciados pelo movimento. É o caso de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.

O primeiro período da pintura Cubista chamou-se Cubismo Analítico: A fase analítica transcorreu entre 1910 e 1912. As telas desta época se caracterizam pela análise da realidade e pela decomposição, em planos, dos diferentes volumes de um objeto, para que o observador capte sua totalidade. Desde o começo, pretendia-se uma arte mais conceptual que realista. Predominava os ângulos e as linhas retas e a eliminação não era real, já que a luz procedia de pontos distintos. As gramas de cores simplificaram-se muito, numa tendência radical ao monocromatismo: castanhos, cinzas, cremes, verdes e azuis. Com tudo isso se tentava combinar a tridimensionalidade do mundo com a bidimensionlidade da obra de arte.
Numa primeira etapa da fase analítica todas essas formas apareceram em forma compacta e densa para se tornarem mais amplas e fluidas, até esfumarem-se nas bordas das telas. Os elementos preferidos foram instrumentos musicais especialmente o violão, garrafas, toneis, jarras e jornais, embora nunca se tenha excluído a figura humana. Entre as obras mais destacadas desse momento figuram "Moça com Bandolim" de Picasso, e "Homem com Violão" de Braque.

Cubismo Sintético: a fase sintética trouxe a reconsideração de alguns dos modos expressivos da anterior. A cor voltou a ter importância. As superfícies, embora continuassem fragmentadas, eram mais amplas e decorativas. A novidade singular foi, sem duvida, o uso de materiais não pictóricos. Essa técnica, conhecida como colagem, incorporou ao quadro elementos cotidianos, como maços de cigarro, páginas de jornal, pedaços de vidro, tecidos e ate areia. Com a utilização destes matérias inusitados na obra, o cubismo, ao mesmo tempo em que aproveitou as diferenças de textura e de natureza dos componentes, levantou sobre um ângulo original a questão, sempre inquietante, sobre o que era realidade e o que era ilusão. Nesse estilo Braque fez seus famosos papiers collés (papéis colados) e Picasso crio obras como "O Jogador de Cartas" e "Natureza-Morta Verde".

Desdobramento do Cubismo: Alem do dois grandes mestres mencionados, houve uma serie de artistas que praticaram o cubismo próximo ao de Picasso ou de Braque, mas com toques pessoais, como Juan Gris e os pintores franceses Fernand Léger, Albert Gleizes e Jean Metzinger.
Quando essa estética se difundiu por toda a Europa, surgiram vários grupos ou tendências, com características próprias: o cubismo órfico de Robert Delaunay, que dava grande importância a cor e empregava elementos de composição inventados pelo artista; o grupo de Puteaux, com Marcel Duchamp, que elaborou um cubismo dinâmico e muito intelectualizado; o neoplasticismo, do holandês Piet Mondrian; o suprematismo russo, de Kazimir Malevitch; o construtivismo, escultórico de outro russo, Vladmir Tatlin, e o purismo estética racional e geométrica estimulada pelos franceses Amédée Ozenfant e Charles-Édouard Jenneret. Este ultimo, de origem suíça e conhecido como Le Corbusier aplicou mais tarde esse principio à arquitetura.
Pode-se dizer que, com a guerra de 1914, o cubismo, que tivera uma vida intensa desde 1907, se desintegrou como vanguarda artística, embora sua influência tenha sido determinante ao longo do século XX. De fato, a maior parte dos pintores cubistas deu um decisivo impulso ao surgimento do abstracionismo geométrico.